[ RESENHA ] O Sol é Para Todos - Harper Lee
Título: O Sol é Para Todos
Autora: Harper Lee
Editora: José Olympio
Páginas: 364
Ano de Publicação: 2015
Skoob: Adicione
Corações: 💓💓💓💓💓
Um livro emblemático sobre racismo e injustiça: a história de um advogado que defende um homem negro acusado de estuprar uma mulher branca nos Estados Unidos dos anos 1930 e enfrenta represálias da comunidade racista. O livro é narrado pela sensível Scout, filha do advogado. Uma história atemporal sobre tolerância, perda da inocência e conceito de justiça.
O sol é para todos, com seu texto “forte, melodramático, sutil, cômico” (The New Yorker) se tornou um clássico para todas as idades e gerações.
A primeira parte do livro, narra as travessuras de Scout juntamente com seu irmão mais velho Jem, juntamente com seu amiguinho colorido Dill. Scott retrata os acontecimentos e como é a sociedade e a vizinhança da cidade/vilarejo em que ela vivia, que é o vilarejo de Maycomb no estado do Alabama.
Scout juntamente com seu irmão Jem, traça para nós leitores, o perfil dos cidadãos do vilarejo onde eles vivem. O perfil de cada família, as manias, as brigas, os preconceitos de cada um, a marca/rótulo/fama que cada família tem pela cidade, e por aí vai.
Scout não tem papas na língua, é a típica criança levada que diz tudo o que pensa, que aponta as coisas que acha que estão erradas, e não está nem aí se levará broncas.
Scout tem um vizinho que causa inquietações em todos na cidade, principalmente as crianças, e Scout, Jem e Dill, estão no topo dos curiosos. Esse vizinho se chama Arthur, mas é conhecido por todos como Boo Radley. Boo aprontou um fato quando era criança, e para ele não ser punido, o pai dele prometeu ao xerife do vilarejo que tomaria conta para que ele não aprontasse mais. Desde esse dia, ninguém mais o viu, e o paradeiro dele se tornou um mistério. Mistério esse que Scout, seu irmão Jem e seu amigo Dill, estavam dispostos á descobrir.
Esses são os fatos que ocorrem na primeira parte do livro. Scout retrata com um toque bem psicanalítico a sociedade de Maycomb, o que me deixou bem alarmada e pensativa, em como uma criança consegue prescrutar e entender o que se passa diante dela com tanta precisão.
Na segunda parte do livro, é tudo mais acelerado, mais curioso, mais intenso. O senhor Atticus Fincher, o pai de Scout e Jemm, o advogado mais renomado e respeitado do vilarejo e das redondezas, é designado pela justiça a defender um negro, acusado de estuprar uma mulher branca. E é aí que a coisa toda começa a desandar.
A cidade inteira até então amiga dos Fincher, se vira contra todos da família, e o sofrimento dos pequenos começa. Como o lugar que eles moram é o Sul dos Estados Unidos, o racismo, o preconceito e a intolerância quando se diz respeito aos negros, governa a cidade/vilarejo.
Todos se revoltam om a possibilidade de um branco estar defendendo um negro, ainda mais nessas circunstâncias, por um crime horrendo como esse. E então, a família antes muito respeitada, começa a sofrer represálias, xingamentos e muito preconceito por parte dos moradores do vilarejo.
Scout narra tudo isso com tanto sentimento, que pude entendê-la e perceber o quão asqueroso é esse preconceito, ou seja qual outro for. E é nessa altura do livro, que Scout se pega fazendo vária perguntas ao pai, o advogado Fincher.
Ela não entende como que a sociedade pode ser assim tão baixa, tão preconceituosa e intolerante, asquerosa, a ponto de condenarem alguém sem provas, apenas com dois depoimentos de duas pessoas que são tão asquerosas e que não merecem o respeito de ninguém pelo modo de vida que eles levam, apenas por serem brancos.
Scott não entende também, como os elogios que o pai dela recebia de todos, pode se transformar tão rápido em insultos dolorosos, palavrões e até ameaças. E é nesse momento de questionamentos tão pesarosos, com um sentimento de estar se sentindo traída por todos, que os olhinhos sonhadores dela se frustam, a inocência com que Scout olhava para os moradores daquele vilarejo se dissipa. Do jeitinho dela, e com a ajuda do irmão Jem, que também sofre muito com tudo que acontece com a família, ela começa a entender o quão podre e feio o mundo pode ser. O quão maldoso e preconceituoso o ser humano pode ser, e o seu mundinho colorido, de esperança, de alegrias rui de vez.
Eu enquanto leitora, pude sentir ao longo da leitura, que esses acontecimentos que ocorriam durante o tempo em que o pai deles defendia o negro Tom, fez com que eles amadurecessem muito cedo, e conseguissem enxergar de uma maneira rápida, toda a maldade que o preconceito, a intolerância e uma acusação injusta poderiam fazer á uma pessoa, fosse ela negra ou não.
O Sol é para todos, é um livro muito pesado nesse aspecto, com um teor ácido, e que ao mesmo tempo nos mostra o quão humano podemos ser, e DEVEMOS ser muitas das vezes.
É um livro crítico, escrito com maestria pela autor, que te faz parar para pensar em vários momentos da leitura, e que te deixa pensando e degustando a história por vários dias após o término da mesma.
É um livro para a vida inteira, que te traz sentimentos de revolta, de ternura, de ansiedade e que te faz a todo momento querer pegar Scout e Jem no colo, acalentá-los, impossibilitá-los de ver as coisas feias que tem no mundo. Que te faz querer consolar o pai deles, o advogado Aticcus, mandar energia positiva para ele e dizer á ele que tudo daria certo, e mesmo que não desse, todo aquele furacão na vida deles passaria logo. Que ele não perdesse a esperança nunca.
Se você gosta de livros com teor de questões humanitárias, de um clássico contemporâneo e mais sombrio, com uma leitura cheia de ensinamentos e bem tocante, eu super indico a leitura para vocês.
E se você não gosta de ler clássicos, ou tem preconceito com esse tipo de leitura, leia, porque a leitura vale muito a pena.
Levarei esse livro comigo pra sempre. Foi um, ou até mesmo o melhor clássico que já li até o momento, e creio eu que ficará marcado por muito e muito tempo.
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